23/11/2009

de não caber no coração
de não caber
de ficar uma ponta de mim sobrando. pra fora.

de ficar na infância, ficar lá atrás - e lá na frente.
de reviver
só o prazer,
e de suspendê-lo
pra catar mais, mais inteiro, mais adiante.

prever o prazer
por num momento sentir
que já está aqui.

20/11/2009

depósito de amor

um tigre que lambe
uma cauda feliz que nos abana.
bicho que se deita.

amor meu
alento e
alegria meu
animal.

19/11/2009

a ela

Cai a máscara
cai o orgulho
cai no chão.
Sobe à terra o novo
e o bom;
cai no chão o orgulho e a prepotência.
Sai de mim o suor
sai do chão a terra e a saúde.
A vivência. Nos socorre.
Agora vivemos mais em paz.

11/11/2009

Bom dia

Acordo e sinto minha sensibilidade subir das unhas aos fios do meu cabelo e às extremidades das orelhas; os sonhos na palma das pálpebras, na memória que olha pro mundo.
Tenho vontade de lamber a vida. Gentil, pueril, delicada.
Sinto.
De modo que não quero ver qualquer pessoa na minha frente agora.
Consigo também ser chata. Grossa, circunspecta. Remelenta e seletiva. Não quero qualquer um.
Nem ela, nem ele.
Só quero quem queira meu amor. É forte: quero amar. É forte.

03/11/09

E se eu nem sei mais escrever minha tristeza? E se agora minha escrita já não me alcança? Então é porque nunca alcançou. E se já não expresso, já não exprimo, já não compartilho?
Minhas tristezas mais raras e mais vividas.
Sinto, me sinto doer, sinto, choro, vivo. Mas sair de mim que é bom já não sei mais fazer.
Sinto, vivo, choro, "doo" - de doer. E fico com isso sentindo e vivendo, sem mais espaço pra eu saber me colocar.
Sofro isso e isso é vivo. Vivo isso.
Agora já quero deitar. Não sei mais deixar de sentir.