22/04/2009

o amor no rio de janeiro

quero ver o céu da boca de um passista libertário
quero ver o fel da cova de um fascista anistiado
quero ver o véu da touca de um artista entocado
quero ver o céu da boca
de um turista enebriado

quero ver o sol ferver num cafofo elameado
quero ver o o céu verter num sufoco acelerado
quero ter o meu querer e um caboclo entusiasmado.

RELIGARE

Tampo meus ouvidos com um rock brasileiro, consumo de notas histéricas, de uma guitarra rachada, qualquer coisa que me sacie um pouco - mas isto não faz. Coisa que me acoberte o mínimo.
Apenas QUERO.
E escrevo. Tarefa de sincronizar o que sinto com o pensamento e o pensamento com a velocidade da escrita.
(uma caneta melhor me ajudaria a sentir).
Não suporto o que sinto penso, e assim a coisa toda pára no ar. Não se realiza, e eu existo pouco.
(desço do ônibus)
Queria ser uma garota baixa, de pele parda, cabelo alisado, marca de antigas espinhas; jeans e e uma camiseta de moda da novela (das 7), justa contra a minha barriga e as dobras da minha barriga.
Pra que ninguém me olhasse. (e nunca falariam em inglês comigo, "téxi, téxi").
Andaria desapercebida, oculta, só, livre.
Caminho rápido pensando assim. Nenhum taxista me olha, não me chamam. Ninguém me oferece uma van pra Macaé, Macaé. Cabo frio, Búzios. Entro direto na rodoviária, inédito.
Acho que sou aquela garota.
E outra vez: rock. A escrita. O mínimo. Pra que eu sinta o poço fundo do meu desejo. (sou grata aos chavões)

13/04/2009

ânsia

Preciso viver um pulo. Com rapidez, com mergulho, e fundo, e rápido, mais rápido do que já fui. Mais rápido do que tudo o que passa, o que já passou. Mais rápido do que antes. Porque dentro. E até mesmo impensável.

07/04/2009

"decifra-me ou te devoro" = ou você me entende ou eu já te seduzi, e te como.

01/04/2009

segundas versões

vida curto
vida encurta
e me alarga.

Duplo-vínculo

Um sereno amargo
Cabreúva faz sombra, a arara gorgoleja, a quase-dúvida sobrevoa

Vou certo,
porém reto.

Outra coisa me quer
(imitando Rimbaud que “é pensado”,
eu “sou querida”, por algo que está dentro de mim)

E até
Dói.

(Não quero escrever,
E já escrevi.)