24/09/2008

coração brega 1 - 14hs

O amor era eu
E de manhã estava aqui
de frente à cama o espelho
- Mas estava aqui sem me avisar.
Eu dormia.
Quando me gritou, enfim,
Já era de tarde
Era tarde
Mas como tarde?
Se agora
Duas horas
Eu me levanto
Se agora
Só agora
é que eu me vi?

19/09/2008

Ai, vontade, aquiete-se um pouco. Ai. Acenda mais e mais, vontade, emerja. Desafogue. Prevaleça.
Se acalme, vontade,
se sobreponha, vontade.

Antes de tudo,
me esclareça.

16/09/2008

meu coração rio-são paulo 2

sexta, samba em santa teresa.
sábado jazz na cardeal arcoverde.
o quadril de um jeito, as pernas de outro,
danço,
a cabeça 4 por 4,
gira em 13 por 8.

11/09/2008

Amo. Desordenadamente; amo sem horizonte, amo delírio. Delinquente.
............

mente tamborila vaga
vaga enquanto sente.


vazio
de prática de pente.
cabelo emaranhado nó solto, fluente.


e só no meu mundo
de anseio,
sem rumo, cheio de nada, mas cheio,
eu sei onde é o sul onde é poente.

07/09/2008

primeiro rabisco de um conto

São Paulo, 6/9/08.
entro na casa, as paredes são todas pichadas. Não tinha placa nenhuma na porta.
Sigo, e há vários cômodos, todos vazios - sem móvel, sem gente. Mas há uma música alta, que parece ao vivo. Um rock? O som é confuso. Vai ficando mais claro a medida que eu ando. Em cada parede predomina uma cor, laranja, rosa, azul, todas mal definidas, soma das pichações.
Penumbra. No final de um corredor encontro, ainda abaixo de uns dez degraus de escada: uma sala muito cheia, onde as pessoas vêem em pé um show bom de blues.
Desço e vou dançar.

a um

por erro nosso

vc foi meu amor mais forte
mais urgente
pulsante
orgasmático
que nunca se realizou.

05/09/2008

mesa do restaurante árabe

Espero o tempo passar debruçada na janela de um livro. Kerouack.

Continuo fugindo do Carlos. É bom.
Vou pra casa depois, e ligo pro Antonio pra falar com a Andréia. Desculpa ligar assim, e tal, é o que terei de falar. A vida pulsa, acontece, mas lá fora. Aqui, ela acontece, mas não pulsa. Cintila, isso faz, mas pra dentro. Só dentro de mim.
E eu louca pra chegar logo na cidade provinciana onde - pelo menos! - há uma praça cheia de gente (e caos, hj que é 5a) e cerveja; grande chance de estar lá um povo que eu gosto.
Existe o choro preso, famoso, e existe também o sorriso preso.
Antes, quero passar em casa pra recarregar a energia que as ruas me ativam e demandam. Hoje uma desconhecida salvou meu humor. Como eu odeio e amo o Rio de Janeiro!
Vou logo encarar o engarrafamento e sair dessa loja árabe asséptica e vazia.
A Arábia real - mágica - não é logo ali... Então vou atrás de um samba bom.