26/08/2008

coçando a cabeça...

não existe "mera circunstância", pq meras circuntâncias são tudo o que existe.

viagem ajardinada

(1)
me enlagarto pra poder alavancar.
minhóco, minhóco, e então alcanço vôo.
canso, preá topeira, descanso borboleta.

e venço, rotina deserta. só sinto algo se tô longe do páreo. cara no vento.

(2)
amar os meus - amar os eus,
pra desenraizar.
(3)
partir livre é fixar
na vida, em vão e linda. vou de libélua, vou de bem-te-vi.
vôo de lobo guará.
as quatro patas rapinas num céu grandão.

música do noel

adorei essa música, resolvi postar a letra dela aqui:

"você, por exemplo" (noel rosa, 1933)

Há muita gente que apesar do pincinê
Passa por nós, dá esbarrão e não nos vê
Anda depressa mas vai sempre com atraso
Você, por exemplo, você por exemplo, está neste caso.

Quanto barbado que não paga engraxate
Muda de casa e deixa mudo o alfaiate
Quanto barbado que jejua mais que o Gandhy
Você, por exemplo, você por exemplo, não tem barba grande.

Há muitas santas no mundo que vivem fora do templo
Santas de olhar bem profundo
Você, por exemplo, você, por exemplo

Quanta menina por ouvir no telefone
Uma voz grossa feito solo de trombone
Pega o automóvel vai parar não sei aonde
Você, por exemplo, você por exemplo, não anda de bonde.

E muita gente que só sabe dar palpite
Que tem cabeça mas já teve meningite
E tanta gente vive bem sem um pulmão
Você, por exemplo, você por exemplo, não tem coração.

dá pra escutar ela nesse link: (dê pause pra esperar carregar...) http://www.mp3tube.net/br/musics/Almirante-Voce-Por-Exemplo/173856/
é uma dúvida gostosa,
e uma convicção incômoda.

paixão é um problema que eu não quero resolver,
uma merda de onde eu não deixo q me tirem.

loucubrações livres

domingo de manhã.
(a madrugada e a manhã são imperdíveis, infelizmente é preciso dormir à tarde).
mas q também é prática gostosa.
contanto que se tenha vontade de acordar.
contanto que a vontade exista por motivo pulsante - um não, vários (e onde é que eles se separam?). Vontade é vontade de tudo.

é acordar e tomar o café - o mais saboroso q há, todo dia - e ouvir uma música à tarde, esperando a noite q vai vir, boa, mesmo que se tenha algum trabalho pra fazer nesse meio tempo. Entre-safra.
Viver, sobreviver é se esforçar, se nada é natural pro homem. Se nenhum ritual dessacraliza hoje o ato do trabalho.
...Ritual deixa o sagrado tranquilo, leve, comum... O trabalho não. Sagrado e sacal. Gente esforçada e só, todos sós cada um em seu martírio, mas sem revolta, pq a obrigação é geral. Sempre teve que se comer. Há muito que se precisa de dinheiro. E há muito que o trabalho é um tédio compulsório, sem emoção?

Tem que se comer.
E o domingo amanhece bonito de verdade.
Durante a semana, também há prazeres.
Há prazer na beleza, beleza no céu.

o prazer é hábito que se espalha tanto quanto a crueldade. ou mais.

e a vontade de quem acorda pode ser a de tomar um banho e colocar um som pra acompanhar o banho.
ir à praia é vontade plena e prazer pleno. Orgasmo do hábito.
como ver o sol nascer e se pôr. e olha q o chavão tem suas razões de ser... se todo dia fossem vistos nascer e pôr... daí o prazer é normal, a vida é inquestionável. Que o prazer é vida. (...o suicídio, o limite do questionamento, antecipa a única coisa que é certeza e o gostoso é mesmo inexplicável.)

mas que saco que dê vontade de escrever sobre isso, as coisas mais básicas do prazer. se fosse óbvio em toda rotina, ritual, ordinário, eu (qualquer um) não teria vontade de escrever sobre isso.
criaria outras coisas mais bonitas mais vivas.

22/08/2008

duas poucas fotinhos, amanhã (acho) ponho mais... :)
http://anakehl.multiply.com/photos/album/34

19/08/2008

figuras q eu gosto:

http://anakehl.multiply.com/photos/album/33

carta de alguma garota pra alguém

E aí, como é que vai essa vida malvada? É bonita sim, mas é malvada também, isso é.
Como que vai?
Como??

Um sono me capota os olhos, mas um desejo que não me dorme o pulmão arfa arfa.

Ela chegou e achou tudo sem graça de mais. Tudo do que foi, eu digo, do que passou na noite. É ela quem diz, pensa assim. O que aconteceu não teve graça não, e desse jeito sai um pouco da graça do que virá. Do que se espera vir. Noite banal. Bar, conversa, porra nenhuma.

E depois fumou um cigarro pensando como é comum essa atitude e quantos sentimentos parecidos de gente, tanta gente, acontecem na hora do cigarro - tão intensos cada um, cada mundinho - e vem o cigarro nessa hora, uma necessidade comum. Gostou de compartilhar.

Quantas vidas são esse universo de sensação e cigarro.

São muitas.
Quanto sentimento cabe num peito isolado restringido exilado. só, sozinho.
Quantos exilados somos.

Bom dizer assim, ela pensou: somos.

Depois foi bater o ponto, em sonho, porque sonhou com a empresa onde trabalha e que irá no dia seguinte.

Quantos cigarros nas janelas das cidades, na vida, à noite.
Como fervilham as idéias isoladas. Como ferve uma cabeça só. Ferve. Como só.

14/08/2008

nova pasta: barco
http://anakehl.multiply.com/photos/album/31
nova pasta de fotos: madeireira
http://anakehl.multiply.com/photos/album/32

09/08/2008

FOTOS

clique para ir direto:
anakehl.multiply.com/photos

- - -

gosto da paz.
rara, a paz.
dá num intervalo estranho, vem inesperada. entre um ônbus e outro, depois da fumaça, quando acaba o engarrafamento. antes do jantar.
num dia bobo de 2a feira, numa sala igual a sempre.
chega numa nota da Clara Nunes. chega depois do caos. antes do caos que virá.
apenas vem, existe em mim, e só.

.

meu coração rio-sp
se estende pelo Vale todo.
- não que isso seja bonito.

coração estirado na dutra,
arregaçado, (e ainda se espeta na serra).

bom que ao menos ele aumenta um pouco.

Alegria

espaçosa,
não cabe numa pessoa só.

angústia

a alma livre demais: presa no ar.

da janela, tudo o que passa é cotidiano

Todo dia esse cara passa, com uma mochila enorme. Negro e moleque; belo, mas presunçoso. Chega pelo mesmo lado com a mesma expressão. Queixo bem erguido. Lento a passos largos, olhos baixos e a sobrancelha alta.
É um bar onde ele pára e entra pro trabalho.

Dali vai sair às 19hs pra tomar uma cachaça num lugar mais barato.


No restaurante onde estou:
Chega um grupo na mesa do lado. Quatro mulheres e um homem mais velho.
A mais nova: - ô moço, garçom... liga a televisão, hein? não gosto de ficar em silêncio.
- vamos conversar, ué! - O cara.
Mas as pernas tremem:
- não... eu gosto de um som, assim, atrás. - Gesticula em volta das orelhas.
RJ TV.

colo e colo

colo

colo quieto.
fecha o olho,
recosta,
aquece,
esquece.


colo

colo víscera.
sangue, quentura
abre o olho
fusão
gosmenta,

recepção.

neste colo, também,
o aconchego

preciso ler mais...

meu pensamento vai além da minha capacidade de pensar.

- -

não existe mera circunstância, porque meras circunstâncias são tudo o que existe.
uma hora o mundo é mudo. num minuto muda.

-

pena (a) capital,

impiedosa!

rio de janeiro

a beleza também torna a feiúra mais feia.

"iemanjá, só se vê mar...!"

meu fluido vital corre por fora das veias
e circunda todo o corpo
se eu mergulho no mar.

pouso da cajaíba, 22.04.08 (casa da Dione)

Filho e nora não parecem felizes como a Dione. paulistanos, classe média, vaga de emprego, concorrência na empresa.
vida dura, dura, muro de cimento, realidade numa placa de compensado.
Mas aqui em Pouso o céu bocona aberta escancarada de estrelas, é céu preto aberto pra todo mundo.

07/08/2008

prazer umbigo

umbigo é o símbolo do egocêntrico, pq é como se ele tivesse um cordão umbilical, pra dentro.
por ali é que ele come, dele pra ele mesmo, sempre o mesmo sabor.

dúvida

uma cidade ali no meio do sol.
bem no meio do pasto.
e nenhuma outra cidade em volta.

(como as pessoas escolhem onde vão morar?)

queria saber eu mesma.
se o mundo pára dá preguiça empurrar.
mas quando eu tento vejo
que é mesmo uma bola.
meio torta, mas rola.